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Por meio destes escritos, busca-se contribuir para os estudos acerca do cotidiano e da cultura, focalizando os diversos sujeitos que vivenciaram as transformações ocorridas em Cachoeirinha e nos demais distritos e quarteirões rurais adjacentes, no município de Jaguariaíva, Paraná, entre os anos de 1930 e 1945. A análise da conjuntura que protagonizou tais transformações parte de uma ampla documentação pesquisada, como relatórios do governo e suas secretarias, leis e periódicos, nos quais é perceptível a atuação de empresas estrangeiras que se instalaram no estado, bem como suas relações com as instâncias do poder executivo e legislativo. A esse respeito, observa-se como a construção da Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande pela Brazil Railway, as explorações madeireira e fundiária da Southern Brazil Lumber e a produção papeleira iniciada pela The Oversea Company impactaram os modos de vida da população local. Para tal investigação, dispôs-se ainda de processos criminais relativos a diversos delitos, os quais possibilitam acessar experiências de lavradores, operários, mulheres e crianças, em várias esferas de suas vidas, como no trabalho, nas afetividades, festividades, crenças e religiosidades. Desse modo, são questionadas relações de gênero, culturas populares e ações reguladoras do Estado por meio do aparelho judicial e policial. As tensões e resistências decorrentes do processo são destacadas a partir das intervenções práticas no vivido, levadas a cabo pelos populares, diante dos momentos de lazer e descontração, como as raias de cavalo e o cinema, ou ainda das festividades e sonoridades expressas nos bailes rurais e nas bandas de jazz. Correlações que evidenciam embates e hibridismos entre o que era tido supostamente como “arcaico” e “moderno”, suscitando questões sobre as noções de “cultura” e “tradição”, destacando a existência de ritmos variados e múltiplas temporalidades no cotidiano. Nesse debate, também são consideradas as políticas intervencionistas de difusão cultural, comuns aos governos Vargas e à “era de ouro” do rádio, bem como as reflexões modernistas acerca de uma noção conciliadora de “brasilidade”